Tenho os livros como principal argumento do que fazer nos momentos ociosos diários da vida urbana, tais como filas de banco, paradas de ônibus, trajetos de trem e esperas para o atendimento no dentista. Algumas vezes a leitura é profundamente atrapalhada por uma conversa constante por perto, mas o que mais desagrada (entre as interrupções literárias) é o fundo musical da espera no dentista.
No dentista que freqüento o hit era Latino. Nada muito agradável. Permaneceu neutro quando começaram a colocar Rick Martin. “Lascou” mesmo quando compraram o DVD do Sampa Crew. Sem muito respeito com quem goste deste “conjunto musical” (música aquilo?), começa errando a banda quando escolheu o nome. A partir daí foram inúmeros erros. O erro final e culminante foi ter gravado um DVD e ter chegado isso nas mãos das gurias (recepcionistas) que trocam o fundo musical. Acontece, nem tudo é perfeito.
Mas, deixando a breve critica de lado e mostrando que conseguimos observar as coisas boas nos inúmeros erros, digo que hoje, finalizando o meu tratamento de canal, estava passando na televisão da sala de espera um programa de viagens de alguma televisão fechada (fechada entende-se não aberta, por assinatura ou coisa do tipo). Bastante bom. Deixei de lado, com um certo receio, a leitura e coloquei-me a ver o tal programa. Vai saber: é uma decisão muito difícil e perigosa para seu conhecimento deixar de ler um livro e ir assistir televisão. Mas foi de bom proveito. Belo programa falando de viagens, mostrando alguns observatórios astronômicos do Havaí e o maior telescópio do mundo. Ciente que geralmente sou muito preconceituoso com o que se passa na televisão e vira moda, continuei a ver o tal canal. Começou a passar um programa mostrando jovens inteligentes (vulgo nerd’s) e algumas mulheres bonitas que podem ser equiparadas com as loiras das múltiplas piadas de mal gosto sobre a inteligência da mesma. Me impressionei quando ela respondeu que não sabia quem era Che Guevara. Foi o fim da picada: como ela não conhece um dos (se não o) maiores líderes revolucionários da América latina, estampado em diversos lugares, símbolos da luta contra o capitalismo, referencia na resistência ao Tio Sam e o maior vendedor de camisas já conhecido? Esqueci o programa que ficou cada vez mais deprimente e voltei a ler meu bom e (nem tão) velho livro.
Agora resta saber o que estará passando semana que vem na ultima consulta minha do dentista (tenho medo que piore, já que é a ultima... O que poderia ser pior? Wando? Enesita Barroso? É, não consegui achar comparativos piores...).
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