sábado, 23 de janeiro de 2010

"Como me fudi no show do Loser Manos" por Adolar Gangorra

Encontrei este texto em um blog. Assinado por Adolar Gangorra, faz uma visão bem irônica e sincera de umas das bandas brasileiras que eu mais gosto (se não a mais). Gostei muito do mesmo. Apesar de seu tamanho, vale muito apena conhecer tal texto e, mais ainda, tal banda.




"Voltei para o Brasil há pouco tempo. Saí do rio ainda adolescente para morar com minha família na Inglaterra. Agora estou de volta há uns três meses e estou começando a me enturmar na Universidade. Não sei de muita coisa do que está rolando por aqui, então estou querendo entrar em contato com gente nova e saber o que tá acontecendo no meu país e, principalmente, entrar em contato com umas garotas legais.

Mas foi meio por acaso que eu conheci uma menina maneiríssima chamada Tainá."Diferente esse nome, hein? Nunca tinha ouvido". Estava procurando desesperadamente um banheiro no campus quando vi uma porta que parecia ser a de um, mas na verdade era o C.A. da Antropologia. A garota já foi logo me perguntando se eu queria me registrar em algum movimento estudantil de não sei lá o que. "Que bacana! Que politizada ela era!" E continuou a me explicar a importância de eu me conscientizar enquanto enrolava um beque da grossura de uma garrafa térmica. Pensei em dizer que estava precisando desesperadamente dar uma cagada, mas ela era tão gata que eu falei que sim.

Tainá: cabelos pretos, baixinha e com uma estrutura rabial nota dez..."Aí, acho que ela me deu um certo mole..." Conversa vai, conversa vem, ela me chamou para um show de uma banda naquela noite que eu nunca tinha ouvido falar: Loser Manos. Nome engraçado esse! Estava fazendo uma força sobre-humana para manter a moréia dentro da caverna, mas realmente tava foda. Continuamos conversando e rindo. Ela riu até bastante, mas eu, na verdade, tava mesmo rilhando os dentes porque assim ficava mais fácil disfarçar as contrações faciais que eu estava tendo ao travar o brioco para não cagar ali mesmo na frente dela.

Pensando bem, eu tinha ouvido falar sim alguma coisa sobre essa banda lá na Europa ainda, mas não lembro bem o quê. Ah, acho que vi esses caras hoje no noticiário local dando uma entrevista. Achei que fosse uma banda de crentes tradicionalistas tipo Amish.Todos de barba, com umas roupas meio fudidas. Parecia até a Família Buscapé! Dão a impressão de ser uns sujeitos legais, mas o que me chamou a atenção mesmo foi o jeito da repórter, como se fosse a fã nº 1 deles, como se estivesse cobrindo a volta do Beatles ou coisa parecida. Não entendi esse jeito "vibrão" de trabalhar. Bom, mas se eu conseguir ficar com o bicho bom da Tainá hoje à noite, já tô no lucro! Marcamos de nos encontrar na entrada do ginásio. Rapaz, acho que tô dando sorte aqui no Brasil!

Ia ser fácil achar essa garota no meio da multidão. Ela se veste de uma maneira estilosa, diferente, bem individual: sandália de dedo, saia indiana, camiseta de alça, uma bolsa a tiracolo e o mais interessante: um óculos retangular, de armação escura e grossa, engraçado até! Depois de uns mil "Desculpe, achei que você fosse uma amiga minha.", finalmente encontrei Tainá e seu grupo de amigos. Cacete, isso sim é que é moda! Parecia uniforme de escola!

Ela me apresentou suas amigas, Janaína e Ana Clara e seus respectivos namorados, Francisco e Bento. Uma mistura de fazendeiros com intelectuais. Um cara de macacão, de sandália de pneu e com ar professoral. Outro de colete, tênis adidas, óculos e também com ar professoral. Pareciam ser legais, "do bem" como eles mesmo falam... Mas que não me deram muita conversa. "Do bem", isso mesmo! Gíria nova... Todos aqui são "do bem". E que nomes tão simples e idílicos: Janaína, Ana Clara, Francisco, Bento e Tainá. Nada de Rogérios ou Robertos. E eu que já tava me sentindo meio culpado por me chamar Washington. Realmente estava no meio de uma nova época da juventude universitária brasileira!

Comecei a conversar com a Tainá antes que a banda entrasse no palco. Aí... acho que tá rolando uma condição até! Quem sabe posso me dar bem hoje? Ela começou a falar de música:

- "De quem você é fã?" - perguntou.

- "Pô, eu me amarro no George..."

Ela imediatamente me interrompeu, dizendo alto:

- "Seu Jorge? Eu também amo o Seu Jorge!"

Puxa, que legal! Ela gosta tanto do George Harrison que se refere a ele com uma intimidade única! Chama ele de "Seu"! Seu Jorge! Isso é que é fã!

- "Legal você já conhecer ele, hein? Eu sabia que ele ia se dar bem na Europa! O Seu Jorge é um gênio!" - ela emendou.

Pô, eu morava na Inglaterra. Como eu não ia conhecer o George Harrison? Essa eu não entendi...

Depois ela perguntou quais bandas que eu gostava.

- "Eu curtia aquela banda da Bahia...

- "Ah, Os Novos Baianos, né?? Adoro também!"

- "Não, Camisa de Vênus! 'Silvia! Piranha!'" cantei rindo.

A cara que ela fez foi de quem tinha bebido um balde de suco de limão com sal. Senti que ela não gostou muito da piada. Tentei consertar:

-"Achava eles engraçados, mas era coisa de moleque mesmo, sabe?" Óbvio que não funcionou... Aí, acho que dei um fora.

Depois, Tainá foi me explicando que o tal Loser Manos é a melhor banda do Brasil, etc., etc., etc., e que eles "promovem um resgate da boa música brasileira".

- "Tipo Os Raimundos com o forró?" - perguntei.

-"Claro que não!" - disse ela meio exaltada! Ela me falou que não se pode comparar os Los Hermanos com nada porque "eles são únicos", apesar de hoje existirem excelentes artistas já reverenciados pela mídia do Rio de Janeiro como Pedro Luis e a Parede, Paulinho Moska, O Rappa, Ed Motta, Orquestra Imperial, Max de Castro, Simoninha e Farofa Carioca. Ela mencionou também "Marginalia" ou coisa parecida. Foi isso mesmo que eu ouvi? Achei que ela estivesse elogiando eles. Esses foram os nomes artísticos mais escrotos que já tinha ouvido, mas fiquei quieto. Fico feliz em saber sobre essa nova onda musical pois quando sai do Brasil o que fazia sucesso no Rio era Neuzinha Brizola e seu hit "Mintchura". "Ainda bem que tudo mudou, né?"

Só depois percebi que o nome da banda é em espanhol: Los Hermanos. Ah bom! Mas se eles são tão brasileiros assim porque não se chamam "Os Irmãos"? Quando saí daqui os nomes de muitas bandas costumavam ser em inglês e até em latim. Ainda bem que essa moda de nomes de bandas em espanhol não pegou no Brasil!

Pelo que me lembro, ao explicar qual é a dos "Hermanos", ela usou a expressão "do bem" umas 37 vezes e disse que eles falam de romantismo, lirismo, samba e circo. Legal, mas circo? Pô, circo é foda! Uma tradição solidificada nos tempos medievais que ganha dinheiro maltratando animais. Onde está a poesia de ver um urso acorrentado pelo pescoço tentando se equilibrar miseravelmente em cima de uma bola enquanto é puxado por um cara com um chicote na mão? Rá, rá, rá... Engraçado pra caralho! Na boa, circo é meio deprimente. Palhaço de circo só troca tapão na cara e espirra água nos olhos dos outros com flor de lapela e quando sai do picadeiro, vai chorar no camarim. Que merda! A única coisa legal no circo mesmo é quando ele pega fogo! Isso sim que é um espetáculo de verdade! Aquela correria toda... Senti que essa galera se amarra em circo. Não faz sentido se eles são tão politicamente corretos assim, né? E os pobres animais? E eu querendo não passar em branco na conversa com a Tainá, mas não conseguia lembrar de jeito nenhum a única coisa que eu sabia sobre a banda... "Cacete...! O que era mesmo?"

De repente, uma gritaria histérica! O show tava começando! O ginásio veio a baixo! Perguntei pra ela:

- "Eles são todo irmãos, né, tipo os Hanson?"

Ela disse um "não" esquisito, como se eu tivesse debochando. Todos eles usam uma barba no estilo Velho Testamento e se chamam "Los Hermanos"! O que ela queria que eu pensasse? Após ouvir a primeira música deu pra ver que os caras são profissionais mesmo, tocam muito bem e são completamente idolatrados pelo público, para dizer o mínimo.

Fiquei prestando atenção ao show. Pô, as músicas são boas! Dá pra ver uma influência de Weezer, Beatles e Chico Buarque. Esse aí é fodão, excelente compositor mesmo. Lá na Inglaterra conhecia uns caras que eram ligados ao movimento "Dark", como chamam por aqui. São os sujeitos que gostam de The Cure, Bauhaus, Sister of Mercy, etc. E tem a maior galera aqui no Brasil também que se veste de preto, não toma sol, curte um pessimismo niilista e se amarra nessas bandas. Mas se eles sacassem que o Chico Buarque é o genuíno artista "Dark" brasileiro... Pô, é só ouvir as músicas dele pra perceber: "Morreu na contra-mão atrapalhando o tráfego" ou "O tempo passou na janela é só Carolina não viu". "Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue" ou "Taca pedra na Geni, taca bosta na Geni, ela é boa pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni". Tudo alegrão, né? Se eu fosse dark, só ia ouvir Chico Buarque, brother!

Tentei reengatar a conversa dizendo que achava ao baixista o melhor músico dos Los Hermanos. Ela respondeu, meio irritada:

- "Mas ele não é da banda!"

Como eu ia saber? O cara tem barba também! Aí, não tô entendendo mais nada...

Adiante, ela me disse que o cara que ela mais gostava na banda era um tal de Almirante. Depois de alguns minutos deu pra ver que o camarada imita um pouco os trejeitos do Paul McCartney, só que em altíssima rotação. Ele fica se contorcendo feito um maluco enquanto os outros ficam estáticos. É engraçado até! Parece que ele tem uma micose num lugar difícil de coçar! E fica falando e rindo direto. Ele é o irmão gaiato do cara que canta a maioria das músicas, o tal de Marcelo Campelo, como anunciaram no noticiário local hoje. Isso mesmo, Marcelo e Almirante Campelo: "Os Irmãos"! Legal! Já tava me inteirando! Ah, e tem também dois gordinhos de barba que estão lá também, mas devem ser filhos de outro casamento.

Tava um calor desgraçado, coisa que eu realmente não estou mais acostumado. Fui rapidão ao bar pra beber alguma coisa. Comprei umas quatro latas de refrigerante que era o único troço que tava gelado para oferecer para meus novos amigos:

-"Aí, trouxe umas coca-colas pra vocês!"

Ouvi a seguinte resposta:

- "Coca-Cola? Isso é muito imperialista... Guaraná é que é brasileiro!"

Puxa, que pessoal politizado. Isso mesmo, viva o Brasil! "Yankees, go home..." rá, rá! Outro fora que eu dei! Mas, pensando bem, eles não usam o Windows e o Word pra fazer trabalhos da universidade? Ou usam o "Janelas"? Dessas coisas gringas não é tão mole de abrir mão, né? Mais é fácil não tomar Coca-Cola! Isso sim que é ativismo estudantil consciente! Posicionamentos políticos à parte, tava quente pra burro, então bebi tudo sob o olhar meio atravessado de todos eles... fazer o quê?

Lá pelas tantas, começou uma música e todo mundo berrou e pulou. Parecia o fim do mundo. Logo nos primeiros acordes, reconheci o som e falei pra Tainá:

- "Ah, eu sei o que é isso! É um cover do Weezer! Me amarro em Weezer!"

Ela olhou pra mim com uma cara indignada e disse:

- "Que Weezer o quê? O nome dessa música é "Cara Estranho".

Já vi que não gostou de novo. Mas quem sou eu pra dizer algum coisa aqui, né? Porra, mas que parece, parece! Mas o que era mesmo que eu não consigo lembrar de jeito nenhum sobre eles? Acho que conheço alguma outra música deles... Só não consigo dizer qual.

Sabia que se eu quisesse me dar bem logo com a Tainá teria que ser entre uma música e outra pois parecia que ela estava vendo um disco voador pousar enquanto os caras tocavam. Resolvi fazer uma piada pra descontrair, que sempre rola em shows. Quando o Campelo tava falando alguma coisa qualquer, berrei:

-"Filha da putaaaaaaaaaa!"

Pra quê? Tainá e sua milícia hermanista me deram uma cutucada monstra na costela que me fez enxergar em preto e branco uns 5 minutos. Pô, todo show alguém grita isso. É quase uma tradição até e é só uma piada. Aí, esse pessoal leva tudo muito a sério! Caralho... Pensei em pegar uma camisinha da minha carteira e fazer um balão e jogar pra cima, como rola em todo show, pra mostrar pra Tainá que eu sou uma cara consciente, tipo:

-"Aí, Tainazão, se tu se animar, eu tô preparado!" - mas depois dessa vi que senso de humor não é o forte dessa galera.

O tempo tava passando e nada de eu ficar com minha nova amiguinha. Quando fui tentar falar uma coisa no ouvido dela, foi o exato momento em que começou uma outra música. Foi aí que a louca deu um grito e um pulão tão altos que eu levei uma cabeçada violenta bem no meio do queixo. Ela não sentiu nada, óbvio, pois estava em transe hipnótico só por causa de uma canção sobre a beleza de ser palhaço ou lirismo do samba ou qualquer outra coisa do gênero. A porrada foi tão forte que eu mordi um pedaço da língua. Minha boca encheu d´água e sangue na hora. Enquanto eu lutava pra não desmaiar, instintivamente enfiei a manga da minha camisa na boca pra estancar o sangue e não cuspir tudo em cima de Ana Claudia e Janaína or something. Só que estava tão tonto com a cabeçada que tive que me segurar em uma ou outra pessoa pra não cair duro no chão. Foi quando ouvi:

- "Nossa, que horror! Lança-perfume! Esse playboy tá doidão de lança! Que decadência..."

Lança-perfume? Cara, lógico que não! E mesmo que tivesse, todo show tem isso! Mas nesse, não pode. É "do bem". É feio ter alguém cheirando loló!! Pô, todo show que eu fui na vida tinha alguém movido a clorofórmio. Aqui, não. Que merda...

Babei na minha camisa até o ponto dela ficar ensopada! Fui ao banheiro tentar me recuperar do cacete que tomei. Lavei o rosto e tirei a camisa. Quando voltava passei por uma galera e ouvi resmungarem alguma coisa do tipo:

- "...é esse mala aí sem camisa..."

Porque não se pode tirar a camisa num show? Isso aqui não é só uma apresentação de uma banda? Parecia que eu ainda estava na Europa! Regulões do caralho... E, afinal, o que significa "mala"?

Estava enxergando tudo embaçado e notei que minhas lentes de contato tinham saltado pra longe com a cabeça-aríete de Tainá e esmagadas por centenas de sandálias de dedo. Lembrei que sempre levo um par de lentes extras no bolso. É uma parada moderna que eu achei lá em Londres. Um estojo ultrafino com uma película de silicone transparente dentro que mantém as lentes umedecidas e prontas para uso. Abri o estojo e peguei cuidadosamente a película com as duas mãos e elevei-a contra a luz para conseguir achar as lentes. Estiquei os polegares e indicadores, encostando uns nos outros, para abrir a película entre esses dedos. Balançava o negócio levemente, de um lado para o outro, contra a pouca luz que vinha do palco para conseguir localizar as lentes. Não estava enxergando nada direito! Quando tava lá com as mãos pra cima, fazendo uma força absurda pra achar as lentes, um dos caras legais com nomes simples, me deu um puta safanão no ombro. É claro que o silicone voou longe também. Caralho, minhas lentes! Custaram uma fortuna! Que filho da puta!

- "Que sinal é esse que tu fazendo aí, meu irmão? Tá desrespeitando as meninas?"

- "Que sinal?? Que sinal??" - respondi, assustado!

- "De buceta, palhaço!" - apertando o meu braço que nem um aparelho de pressão desregulado.

- "Você tá no show do Los Hermanos, ouviu? Los Hermanos! Ninguém faz sinal de buceta em um show do Los Hermanos, sacou?" - gritou o tal hipponga na minha cara.

Que viado, eu não tava fazendo nada. Parecia uma freira de colégio. Que lance é essa de buceta? Da onde esse prego tirou isso? As meninas... (Perái! Menina? A mais nova aí tem uns 25!) ficaram me olhando com a cara mais escrota do mundo. A essa altura, já tinha percebido que não ia agarrar a Tainá nem que eu fosse o próprio Caetano Veloso. "Bento", que nome mais ridículo... Isso aqui é um show ou uma reunião de alguma seita messiânica escolhida para repovoar a Terra?

Caramba, que noite infernal! Tava com a língua sangrando, sem enxergar direito, só de calça, arrotando sem parar e puto da vida porque só tinha aceitado vir aqui por causa de mulher. Estava no meu limite. Isso era um show ou uma convenção do Santo Daime? Que patrulhamento! E, de repente, vejo Tainá e seus amigos olhando pra mim atravessado e cantando a seguinte frase:

-"Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?"

Aí foi demais! Eu me atrevo:

-"Ritmo, melodia e harmonia. Pronto, só isso! Mais nada! Olha só: foda-se o samba, foda-se o circo, foda-se a obsessão por barba da família Campelo e, principalmente, foda-se essa galera 'do bem' que está aqui!"

Apesar de tudo, a banda é realmente excelente. O que incomoda mesmo é esse público metido a politicamente correto e patrulhador e a imprensa que força a barra pra vender alguma imagem hipertrofiada do que rola de verdade. Esse climão de festival antigo de música popular brasileira, daqueles com imagens em preto e branco, com todo mundo participando, que volta e meia reprisam na tv, tudo lindo e maravilhoso. "Puxa vida, um novo movimento musical brasileiro!"? "Estamos realmente resgatando a nossa cultura!" Que exagero... "Ei, é só música pop! MÚSICA POP!

Caralho, finalmente lembrei! Eu conheço uma música deles. Ouvi em Londres. Numa última tentativa de salvar meu filme com Tainá, na hora do bis, berrei bem alto:

- "TOCA ANA JULIA!"

Só acordei no hospital. Tomei tanta porrada que vou ter que fazer uma plástica pra tirar as marcas de pneu da minha cara! Fui pisoteado! Neguinho ficou puto! Qual é o problema com essa música? Me lembro de estar sendo chutado pela elite dos estudantes universitários brasileiros e da própria Tainá, gritando e me dando um monte de bolsadas na cabeça! Que porra louca! Tentaram me linchar! Ofendi todo mundo! Pô, Ana Julia é uma música boa sim! É um pop bem feito! Se não fosse, o "Seu Jorge" Harrison não teria gravado, né? Se ele não entende de música, quem entende? Me disseram depois que o tal Campelo se retirou do palco chorando, magoado, e o outro irmão mais novo dele, o nervosinho que imita o Paul McCartney, pulou do palco pra me bicar também. Do bem? Do bem é o cacete...

Aí, sinceramente, ainda prefiro o show do Camisa de Vênus..."

domingo, 10 de janeiro de 2010

"Não se pode ter um dia 100%, se tiveres 51 já ganhou o dia..."

Existem dias em que a única coisa que se deve fazer é ficar mais umas 4 horas na cama descansando. O mundo toda na volta do seu quarto parece hostil e a sua namorada está a uns 120 Km de distância neste mundo não muito amigável.

Nada aparenta estar certo ou ser prazeroso. O chimarrão parece estar frio, o livro está em um capítulo muito extenso, se está sem saco ler o mesmo e seu estomago não está te obedecendo muito. Com a mania de ser uma pessoa “caseira”, que preza o almoço com a família, acostuma-se a perder alguns dias de sua vida, por causa de 3 horas de sono após noitadas de conversa com os amigos. Tudo isso é muito bom, pois desenvolve o intelecto próprio: a única coisa que conseguirá fazer no tal dia perdido será ler, escrever ou tocar bandolim (geralmente sempre voltando para o Dom Quixote).

Após isso, o quarto ainda aparenta estar normal. É muito ruim quando se fica mal do estomago e extremamente cansado, pois jamais acreditarão que só tomastes refrigerante na noite passada. Não são todos os dias que o ser (isso não serve para alguns amigos meus) acorda com o ânimo de beber, e quando acontece de ficarmos na “ressaca” de refrigerante, parece que poderíamos ter aproveitado este momento para realmente confraternizar e fazer inúmeros brindes a pessoas que jamais lembraria que estaríamos a brindá-la (aniversários de pessoas imaginárias, brindes a acontecimentos acorrido no século XX e coisas do tipo).

Qualquer música que toque no rádio é chata, porém tem uma letra indiscutivelmente escrita para você (com exceção a Pata de Elefante). Sim, o mundo ainda parece ser muito hostil, todavia, com o tempo se torna novamente muito amigável e perfeito. Vivendo um pouco dos ensinamentos do Sr. Bukowisk, a minha meta para ganhar o dia de hoje será somente os 51%, que os 100 eu não consigo mais.

Leituras e os famosos "best-sellers"

Apesar de gostar muito de livros, tenho certo receio em discutir sobre tal assunto com amigos. São alguns os motivos básicos: não sou o melhor nem o maior leitor do mundo (só leio livros regularmente, mas não consigo “devorá-los”), não conheço e nem leio os grandes nomes da literatura (tanto nacional como internacional) e não consigo disfarçar o preconceito que tenho a certos títulos e autores.

No quesito de melhor e maior leitor do mundo, peco no fato de não conseguir devorar livros. O único livro que li em um dia foi “Alice no país do espelho” (e, por sinal, acabei o dia levemente drogado com tanta “psicodelia” existente no mesmo, contudo, recomendável e prazerosa leitura) e, após este, só conseguir ser eficaz com uma edição “pocket” do Sr. Bukowisk, levevando três dias (e acabei de mal com o mundo e bêbado). Ainda assim, ambas as leituras altamente recomendáveis.

Após isso, meu grande erro (ou talvez não) se apresenta pelo fato de não conhecer nem ler grandes nomes da literatura e do conhecimento nacional e mundial. Nunca li Érico Veríssimo, não conheço a obra de Nietzsche e nunca me surpreendi perante folhas de Sherlock Holmes (apesar de ter tentado, frustrantemente, ler Stephen Hawking e também não entender). A minha vida literária se afunila perante a satirização de tudo e todos do Sr. Veríssimo (o filho), o brilhantismo do seu Richard Dawkins, a apreciação literária do tio Eco (o Umberto) e as viagens do primo Ítalo Calvino. Estou em fase de degustação de Cervantes (que, durará, mais uns meses) e metas de chegar a Dante Alighieri (que, por questões de real importância, foi classificado como “o ápice da inteligência humana” pelo primo Calvino).

E, dos meus motivos de muitos tratamentos com psicólogas de janelas de conversa de “MSN” e afins, existe o meu sério preconceito com “best-sellers” de vitrines das livrarias. Aquele tipo de livro que se encontrará em qualquer livraria, supermercado ou até mesmo em uma banca de revista. Nada de mais, o importante mesmo é a leitura (afinal: “ler também é um exercício”), mas seria de tão bom proveito se aprendêssemos algo com tal ação. Existem escritores muito bons para tal distração, todavia, não conseguem te passar o mínimo de conhecimento. Tenho esta concepção perante livros: me distrair (já que meu celular não toca música) e aprender algo com os mesmo (aquelas coisas de conseguir aumentar o “intelectualismo”).

Perante todas estas redundâncias, observamos que existem coisas boas sim no mundo dos “Best-sellers”. Consegui ouvir de gurias (que jamais acharia que escutaria) que precisavam ir a livraria comprar o novo livro da série “Crepúsculo” (ao menos é um livro...), voltei a ganhar livros no meu aniversário (e li todos, apesar de “best-sellers”) e ficou mais acessível a população ( vendo que até a Bruna Surfistinha já escreveu um livro... Ouvi dizer que será convidada para ocupar a cadeira na Academia Brasileira de Letras, ao lado do “ilustríssimo” Sr. Paulo Coelho).

sábado, 2 de janeiro de 2010

Algumas voltas ao tempo

É sempre bom voltar no tempo e lembrarmo-nos do passado, dos aprendizados e das metas que possuíamos antigamente. Muitas vezes nem precisamos lembrar, ele vem à tona e se apresenta diante de nós.

Considero-me um cara (amorosamente) árcade. O pouco que aprendi sobre literatura brasileira me remete as classes literárias, de todo seu significado e o quanto conseguia me identificar com as mesmas. Aquelas coisas de se identificar com uma “ninfa” e idealizá-la (até que alguém provasse o contrário). Na minha classe literária, identifico as mulheres com a música ou escuto (ou escutaria) na sua fase. Há um tempo atrás escutava uma banda curitibana, não tão nova assim, e me imaginava vivendo a cena presenciada em um trecho de uma música dos mesmos (para caso de curiosidade ou pesquisa, se chama “Nunca mais” e foi gravada pela banda “Relespública”), cuja narrava a ida a um cinema e “apreciação” de um longa-metragem, concluindo que as histórias são sempre as mesmas, virando comédia quando narradas. Depois de um certo tempo, já com muito mais músicas na mochila, passo por uma situação em que me vejo diante de tal vivencia. É interessante sabermos que realmente as histórias são sempre as mesmas e tudo é muito satírico e ironizado quando analisado por pessoas telespectadoras. Podemos afirmar que boa parte dos filmes de ação, ultimamente, se baseia em uma nação de seres (povos ou animais) que vivem em um lugar (pais, mundo ou região) que concentra algo de muito interesse (fonte de renda) dos homens (que só querem dinheiro na história e tem, como chefe, uma pessoa sem um bom coração). Com esta base, criatividade e um bom investimento, podemos refazer alguns bons filmes “hollywoodianos”.

Muitas vezes observamos que a vida regride e voltamos a fazer o que faríamos antigamente. Na universidade, por exemplo, podemos comparar ao que acontecia em uma creche (ou aconteceria se tivesse frequentado uma creche quando pequeno): passamos o dia todo no campus, almoçamos, conhecemos amigos, levamos lanche da tarde e escova de dente, festejamos nosso aniversário, essas coisas... Voltamos a regredir de certa forma.

Questões de moda são indiscutíveis. Não acompanho tendências (ao menos, não me esforço para acompanhar), mas quase sempre que se irá comprar algo novo, temos que aturar o vendedor afirmando que tal produto está na moda. Uso “All-Star” a um bom tempo, gosto de roupas xadrez a um bom tempo, quero ter um “WayFarer” a um bom tempo e não me importo se estas coisas são moda. Depois de uns oito anos, voltarei a usar óculos com armações grossas (que, por sinal, encontrei uma foto minha, brincando de “skate de dedo” com o tal óculos na época que estes brinquedos eram moda) e, quando o escolhi na ótica e disse que era aquele mesmo, tive que escutar do gerente que estava na moda tal armação. Continuo apaixonado pelos modelos “retro’s” das marcas, mas acontece: escolhe-se a ótica, a armação, mas ainda não o gerente.

Ainda não recebi nenhuma resposta das cartas que mandei aos meus amigos (e até já desisti: comecei a usar efetivamente os emails), mas ainda escrevo e-mails com assinaturas e de uma maneira formal. Ainda penso com uma certa hostilidade perante as maquinas fotográficas digitais. As pessoas, no contexto geral, não se juntam para tirar fotos, não se obtendo um respeito à mesma e nem se relembrando do acontecido umas três semanas após (quando buscávamos o filme relevado no fotografo). Contudo, devemos dar o braço a torcer, afinal, ficou mais fácil de armazená-las.