sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Os filhos, a música e o rock - 2

   Hoje, conversando um amigo meu, lembrei que faz dez meses que vi o show dos Mutantes. Até este mês, este teria sido o melhor e maior show para mim que havia visto. Falava para todos que haveria de um dia colocar para meus filhos escutar um cd e falar para eles que a Rita Lee é uma bundona (“mas não contem para a mãe de vocês que falei isso dela”) e que vi tal banda tocando ao vivo, sem a Rita Lee (não fazia tanta falta) e sem o Arnaldo Baptista (nem tudo é perfeito) – mas tinha Sergio Dias e sua Regvlvs (vulgo: Guitarra de Ouro).

   Mas o tempo passa, a vida anda e as coisas tendem a melhorar. Nesta perspectiva, dia 07 deste mês (novembro), tive o privilégio de poder pagar e ver o show de um Beatle. Certamente, meu filho terá uma sessão de introdução ao “Beatlemaniaquismo” juntamente com o comentário: “filho, ele cantou Helter Skelter para mim”. Haviam muitas crianças lá no show, pais que tiveram o imenso prazer de ver o show de um Beatle e levar seu filho junto.

   Eu não posso reclamar. Meus principais amigos estavam lá. E tive o prazer de poder levar meus pais juntos. Eles não são beatlemaníacos ao ponto de necessitar deste show para viver, contudo são muito afins de novas diversões. Geralmente brinco que meus pais gostam mais dos meus amigos do que eu mesmo. Direi para meu filho: “Senta aqui guri que vou te contar uma história. Um dia teu pai, teu vô e tua vó (e talvez tua mãe também, rsrsrs) foram para o show de um Beatle (mostrarei tais fotos...)”.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Volta

Depois de um bom tempo, novamente me encontro aqui, nas linhas do computador. Diversas coisas aconteceram neste tempo, algumas boas, outras nem tanto e outras que se denominasse boa seria um rebaixamento da real importância do ocorrido.

Agora, na atual conjuntura social, pessoal, profissional e sentimental que me encontro, me vejo convidado a reativar este blog. A vida anda corrida, cheia e cada vez mais agitada, contudo, ainda existem aqueles momentos na vida em que temos que produzir na frente do computador e não temos saco pra inúmeras folhas prontas para ser digitadas em um relatório da empresa, nem para escrever emails que deveriam ser enviados e também não entendemos a matéria que temos que dissertar, deixando-a de lado para poder esclarecer dúvidas antes continuar o tal trabalho.

Acontece. Descobrimos com o tempo que a vida (além de acontecer em ciclos) sempre deixa suas surpresas e o que parece estar perfeito e inatingível de mudanças desaparece, fazendo nos quase perde o contato instantaneamente. Ou ainda, esta perfeição tão simples e sincera antes observadas por muitos, parece não fazer mais diferença quando vista diariamente ou quando ficada temporadas sem vê-la.

Com o tempo também, esta historia de blogs começa a ficar um pé no saco. Sabemos que algumas pessoas entram no blog somente para poder bisbilhotar sua vida e que muitas pessoas possuem um somente para poder colocar sua vida e ser bisbilhotada. É a grande vontade do ser humano de ser e querer saber o que não lhe pertence. Porque (desculpem, até hoje não aprendi quais os porque’s que devo usar para cada situação) programas bestas de televisão fazem sucesso somente mostrando pessoas confinadas em vivendo em um lugar? É a infinita força da ignorância (como diria um professor meu).

Quem me conhece se diverte bem mais com tais textos. Quem não me conhece, mas é um leitor assíduo, também. Falando em leitor assíduo, agradecer quem quer que seja as pessoas que estão lendo isso, pois, mesmo nestes meses em que não publiquei nada, tive uma média de 25 acessos semanais o que considero bom para um blog a alguns meses sem nenhuma publicação nova. Mas, voltando ao assunto antes citado, queria dizer que, como um cara muito romântico, com a vida me mostrando que não é tão perfeita assim, irei voltar aos braços de quem gosto muito. Em breve, te terei nos meus braços novamente, ouvindo você falar o que eu gosto de ouvir, mesmo que esteja com uma corda arrebentada e um pouco empoeirado. Afinal, gosto muito de ti: meu violão.

Obs.: Palavras citadas neste texto (tais como violão) podem ser consideradas (ou não) metáforas, personificações ou figuras de linguagem.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

"O fim das 'igrejas inventadas' se aproxima!" - Diz o pequeno pastor...

Neste mundo conturbado por conflitos existenciais, correrias urbanas crescentes, explosão demográfica no seu ápice, igrejas de todas as formas e para todos os gostos e as pessoas praticamente vendendo novamente os lugares no céu (*), observamos nos pequenos o potencial para ser o pastor que jamais o mundo ouviu falar. R. R. Soares, Edir Macedo e Silas Malafaia que se cuidem: o fim se aproxima...

Com voces, o pequeno pastor:



















* Com todo respeito, devemos pensar duas vezes antes de comprar um lugar no ceu. Olha quantas pessoas ja morreram, quantas mereceram os lugares no ceu e quantas ja compraram latifundios inteiros na epoca da inquisao. Devemos nao aceitar a conversa de qualquer um, ler todo o contrato e perguntar se aceitam o dinheiro de volta caso ja exista um inquilino no terreno.

Os fIlhos, a música e o rock

É, com o tempo envelhecemos. Isso não é ruim. Isto nos deixa mais maduros e próximos das pessoas que cremos que iremos ver durante um bom tempo de nossa vida. Observamos que nos últimos três anos não mudamos os núcleos de vivência, os amigos, os lugares para onde saímos e nem mesmo a camisa de flanela. Mudamos os assuntos. Falávamos em montar uma banda de rock, ter uma guitarra bacana e poder um dia dirigir um carro na “Free-way” ouvindo Raul Seixas. Hoje já dirigimos frequentemente trabalhando, ouvindo engarrafamentos a fora um bom e velho rock, possuímos nossas guitarras (no meu caso, tal instrumento não foi tão apaixonante como esperado...) e até planejamos o futuro de nossas vidas.

Numa dessas conversas, me vi falando com um grande amigo sobre filhos. Foi aí que bateu o estalo do amadurecimento. Nada fora de hora. Nada antecipado. E sim algo que não fica tão longe dos nossos planos de vida. Lembro da abertura do show no DVD do AC/DC, onde aparece um pai com uma criança na cacunda no show. A criança esta “equipada” com protetores auriculares e devidamente vestida com a tiarinha de chifre. E o melhor: aos seus seis ou oito anos, ela canta (ou ao menos tenta) “Stiff Uper Lip”. Um dia teremos filhos e eles serão educados com fundos musicais do bom e velho rock. Talvez, por questões egocêntricas e de desenvolvimento continuo, será sempre bom mostrar para ele quem foi e o que fez Sebastian Bach (vai que o guri se empolgue e se puxe). Tirando isso, nada como o bom e velho rock para educar. Sou filho da geração que escutava no rock brasiliense a sua voz. Meu pai deu meu primeiro cd do Raul e minha mãe falou, em outro momento, “isso é Mutantes meu filho” (após eu mostrar uma musica que escutei e havia gostado). O rock foi bom e bom ele será.

Da vida nos resta somente sonhar. Não saberemos como serão nossas vidas. Fazemos projetos, sonhamos um pouco, relacionamos bandas e músicas todos os dias, meses, períodos... Espero que, quando nascer, ainda exista a musica sem calcas coloridas no mundo e sem bundas de fora para o guri poder conhecer e gostar.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Vou me redimir

São poucos, mas alguns (acho que dá até para contar nos dedos) leitores (mais amigos que leitores) estão reclamando da ausência de textos novos. Farei o máximo para conseguir viver mais, me divertir mais e, assim, conseguir carregar experiências para novas postagens.

Prometo: irei me redimir!

Abrass a todos e (no máximo) em uma semana tem mais...

Vinícius Ferreira.

A leitura e as filas de espera

Tenho os livros como principal argumento do que fazer nos momentos ociosos diários da vida urbana, tais como filas de banco, paradas de ônibus, trajetos de trem e esperas para o atendimento no dentista. Algumas vezes a leitura é profundamente atrapalhada por uma conversa constante por perto, mas o que mais desagrada (entre as interrupções literárias) é o fundo musical da espera no dentista.

No dentista que freqüento o hit era Latino. Nada muito agradável. Permaneceu neutro quando começaram a colocar Rick Martin. “Lascou” mesmo quando compraram o DVD do Sampa Crew. Sem muito respeito com quem goste deste “conjunto musical” (música aquilo?), começa errando a banda quando escolheu o nome. A partir daí foram inúmeros erros. O erro final e culminante foi ter gravado um DVD e ter chegado isso nas mãos das gurias (recepcionistas) que trocam o fundo musical. Acontece, nem tudo é perfeito.

Mas, deixando a breve critica de lado e mostrando que conseguimos observar as coisas boas nos inúmeros erros, digo que hoje, finalizando o meu tratamento de canal, estava passando na televisão da sala de espera um programa de viagens de alguma televisão fechada (fechada entende-se não aberta, por assinatura ou coisa do tipo). Bastante bom. Deixei de lado, com um certo receio, a leitura e coloquei-me a ver o tal programa. Vai saber: é uma decisão muito difícil e perigosa para seu conhecimento deixar de ler um livro e ir assistir televisão. Mas foi de bom proveito. Belo programa falando de viagens, mostrando alguns observatórios astronômicos do Havaí e o maior telescópio do mundo. Ciente que geralmente sou muito preconceituoso com o que se passa na televisão e vira moda, continuei a ver o tal canal. Começou a passar um programa mostrando jovens inteligentes (vulgo nerd’s) e algumas mulheres bonitas que podem ser equiparadas com as loiras das múltiplas piadas de mal gosto sobre a inteligência da mesma. Me impressionei quando ela respondeu que não sabia quem era Che Guevara. Foi o fim da picada: como ela não conhece um dos (se não o) maiores líderes revolucionários da América latina, estampado em diversos lugares, símbolos da luta contra o capitalismo, referencia na resistência ao Tio Sam e o maior vendedor de camisas já conhecido? Esqueci o programa que ficou cada vez mais deprimente e voltei a ler meu bom e (nem tão) velho livro.

Agora resta saber o que estará passando semana que vem na ultima consulta minha do dentista (tenho medo que piore, já que é a ultima... O que poderia ser pior? Wando? Enesita Barroso? É, não consegui achar comparativos piores...).

quarta-feira, 30 de junho de 2010

As musicas e minha vida - dia 27/06

Mais um final de dia solito a reinar, sentado na frente do computador e tendo a conversa de uma pessoa achando que é intelectual. Dia, este, que já havia me preparado mentalmente para poder beber um bom vinho Cancarone, jogar vinte e um e cantar “Oh Austrália”. Apesar de ter sido um dia bom, não consegui ter minha alegre e comunitária noite a volta de um vinho.

Está meio estranha a noite. Voltando para casa, a neblina era tão forte que em alguns pontos não se enxergava muito além de 20 metros. Ainda que o ar quente do carro não dê conta na ação de desembaraçar o vidro, podemos agradecer pela solidão ao som de Dinartes: “posso até dizer pra ela, as cores já não são mais tão belas, a porta esta sempre aberta...”. Realmente, poucas coisas se comparam ao clima e ao nível que pode atingir o pensamento quando, sozinhos, escutamos e cantamos um bom e (nem tão) velho rock.

Digamos que aprendi diversas coisas com a música. Aprendi diversas coisas com meus amigos. A televisão tentou me ensinar diversas coisas, mas nada deu muito certo. Com a televisão, aprendemos quão vulgar e fútil podem tratar o amor. Acontece. Muitos não conhecem ele e não sabem utilizá-los, fato semelhante ao que acontece no som de diversos carros de pessoas que não consegue guardar somente para ele o excesso de baboseiras contidas em uma faixa de CD. Tá, antes de me chamem de antiquado, podem ser bits (já que CDs estão - tal como foi o vinil - saindo de moda). Mas voltando ao assunto, aprendi com a música que as pequenas coisas fazem a diferença. Amigos me mostraram que quando se erra (ou não) ou não se quer fazer algo, ai que temos que fazer o que deixamos para trás. Sim mãe, te dou bromélias porque foi a única flor que escutei em letras de músicas. Meus amigos posso firmemente dizer que amo-os. Vocês mesmo que roubam plaquinhas de pizzaria, que ganham as plaquinhas de pizzarias, que almoçam sentados no chão, que falam o tempo todo de anatomia, que só falam de Raconteurs e que gostam, igualmente, de beber vinho.

Apesar de toda a bagunça do parágrafo anterior, acho que consegui ser levemente claro na dissertação. Queria mesmo ver televisão, mas, infelizmente, não tem absolutamente nada de bom para assistir. É muito bom podermos assistir um DVD do Los Hermanos quando não se passa nada de útil na TV, mas, poxa vida: depois da 12ª vez que assistimos, apesar de ótimas composições, as dancinhas do Amarante começam a ficar ridículas e irritantes.

domingo, 27 de junho de 2010

Conflitos existenciais e verdades infalíveis

Estive, levemente, aumentando meu núcleo de amizades de amigos ateus. Não sei o porquê me impressiono com isso, mas gosto de certa forma. Acredito que é um erro dizer que os ateus são mais inteligentes e por isso são ateus (ou vice e versa). Antes de qualquer coisa, não quero aqui discutir sobre crenças religiosas ou coisa do tipo, quero somente fazer o que costumo e tento fazer: (dominar o mundo e) expressar minha forma de ver o mundo.

Não podemos agregar níveis de inteligência para nenhum dos dois tipos de teísmos. Conheço alguns ateus que “abraçaram a causa” depois de tempos de estudo e algumas convicções cientificas. Depois, conheço cristãos (são os deístas que mais convivo) extremamente inteligentes e estudiosos que abraçaram a causa pelo mesmo motivo citado anteriormente (estudos e falta de “convicções cientificas”). Da mesma forma que existem os cristãos que vão pela inércia (e este tem de monte), existem pessoas que se dizem ateus somente por não gostar do “sermão do padre” e se acharem (pseudo) intelectuais demais, acreditando que o cristianismo (ou a crença em um Deus) é menosprezar a sua tão capaz inteligência. Mas um fato que realmente deteriora os cristãos são os não praticante (ou inerciais), que frequentam esporadicamente uma missa, não estudam e acreditam em Deus porque aprenderam com seus pais.

É tudo estranho, tudo um conflito existencial. Podemos interpretar a física e a astronomia tanto cientificamente quanto divinamente, basta querer (e ambas versos muito convincentes). Grandes artista renascentistas fizeram obras para seres divinos pelo dinheiro que a igreja se dispunha na época (ou pelo amor ao um ente divino?). Ate hoje, Einstein não pode ser firmado como ateu ou divino (ao menos, Richard Dawkins não me foi convincente).

Mas de tudo restam algumas certezas: a mente deve ser aberta, a verdade libertara (seja ela para qual lado “puxar”), os agnósticos são seres desprezíveis (nojentos e sacripantas), a sabedoria é tudo e a maior invenção da humanidade é a morcilha.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Amizades - para não passar em "branco"

Nada como algumas horas de conversa a fio sem nenhum assunto básico. Temos amigos e isso é tudo. Queira um dia ser ou se enquadrar em um ciclo de vivencias tal como foi (e se enquadrou) Bukowisk no final de sua vida, restringindo sua vivencia a poucas pessoas, dos quais chama de amigos.

Foi um dia bom. Fazia um tempo (não muito na verdade) que não fazia isto. Conversas vai e conversas vem, descobrimos que amadurecemos, perdemos a vergonha do outro e cultivamos uma boa amizade. Nada como falar sem o receio do ridículo, vulgar ou sem segundas intenções. Fazemos breves analises de passados não muitos remotos e podemos dar risadas da vida, dos fúteis erros que cometemos nela e de como isso foi bom para podermos dar boas risadas (e boas esculachadas alheias).

Alem disso, aparece algo que realmente não acreditaria quando era mais novo. Coisa de piá mesmo, mas que “não existira uma amizade entre homem e mulher”. Muitas pessoas (acredito eu) ainda tem este pensamento. Posso dizer hoje que tenho amigas, gurias em que confio minha vida e que posso realmente falar tudo. De certa forma, gurias que, tirando a morfologia feminina, o receio de dar um tampa na bunda (muitas vezes dá vontade, rsrsrs) e o fato de algumas não beberem cerveja (algumas até bebem), são iguais as amizades “do SENAI”.

São coisas simples que realmente fazem a diferença na vida da pessoa. Ha tempos atrás estive em uma cena um tanto que diferente. Muito simples, mas foi realmente bom. Após um convite para um almoço, encontrei uma amiga e fomos ao encontro de outra amiga nossa. Para o nosso “almoço”, compramos um cachorro quente para cada (todos pagos por uma delas) e comemos sentado na escada de um prédio da Independência (para quem não conhece, uma rua de Porto Alegre nada propicia a um “picnic”). Aquele tipo de programa que jamais levaria gurias para fazer (ainda mais que estava um dia ensolarado, não tínhamos sombra e uma “tia” estava lavando a escadaria do prédio), mas que fizemos e demonstrou a confiança recíproca nossa (ao meu ver ao menos). Após isto, ficamos mais umas 4 horas conversando neste mesmo dia.

Mas enfim: escrevo este nada inspirado texto porque uma destas brigou dizendo que não escrevi nada de novo ultimamente. Então, sugiro-lhes um texto para releitura (“Ciclos da vida e as conspirações algébricas” - ou coisa do tipo o nome - postado em dezembro ou novembro de 2009) e faço esta breve homenagem a estas amizades. Um brinde (tim tim!).

Já dizia Gabriel García Marquez: De um lado estão meus amigos; Do outro, o restante do mundo, com o qual o meu contato é pouco."

PS: Por sinal, uma delas sempre ganha algumas garrafas de cerveja em festas, pois é “meiga”e simpática, o suficiente para ninguém recusar uns copos (palavras dela...).

domingo, 2 de maio de 2010

Domingo no Parque, rock, torcicolo e futebol

Nada como um domingo de sol. Há tempos não vivia (ou ao menos, não me era proposto) um domingo como este. Dia ensolarado com show de rock (somente um, mas teve) na redenção, final de estadual, Grenal e tudo mais (concordo que seria melhor se tudo tivesse começado com um chimarrão, mas não vem ao caso).

Acordado as 11 da manha por um amigo que já estava na frente da minha casa, eu atrasadamente me arrumei, após breves (porém longos) instantes de tortura ao tentar se levantar da casa e concluir que só tinha piorado a torcicolo. Mas enfim, (quase) tudo vale apena quando a companhia é boa ou o show legal. Portanto, fomos para redenção apreciar um show de uma banda de rock guaibense (que nasceu em Guaiba, RS).

Chegando lá, uma parada para o cachorro quente da uma tia de carrocinha qualquer. Nada muito apreciável, mas o suficiente para não nos deixar com fome o restante da manhã/tarde. Na espera do show, tocou uma banda de jazz. Concordo que jazz não é o estilo certo para se apreciar num domingo de tarde, no sol e ao lado do espelho d’água da redenção, mas participava de tal grupo o ilustríssimo, sagaz e (muitas vezes) genial Luis Fernando Veríssimo. Preciso urgentemente encontrar ou pegar uma sessão de autógrafos deste cara na feira do livro, afinal, as pessoas envelhecem com o tempo (e no caso dele, acredito que diminui também... Sem maldades nas postagens, afinal, para mim, é o melhor escritor do país).

Tudo certo: vi o Verissimo filho, cantei com os Guidis, voltei para casa de Trensurb e cheguei no exato momento que começava o Grenal. Rio Grande do Sul, Brasil e a cidade para durante o Grenal ( um “pseudo-feriado”, e desta vez realmente era). Sempre faço uma analise sobre a mesma coisa, porem sempre me deixa impressionado e nostálgico este amor que expressam pelos times daqui (digo, do RS). Assisti um pouco do Grenal somente para não me sentir mais excluído (do que sou) do restante da população. Fui ver um pouco do jogo do meu time (Santos! Santos! Defesa?), que perdia pelo time da minha cidade natal (Santo André na final do paulistão?). Em uma breve distraída, passei pelo famoso canal de musica norte-americano. Estava passando o excelentíssimo Jack White, tocando um xilofone, durante um show do White Stripes. Tinha um bom motivo para não ver nenhum dos dois jogos e ficar ali, vendo Mrs. White o restante da tarde. Mas, relembrando a final da copa do mundo de 2008 que não vi pelo mesmo motivo, desliguei a televisão e fui dormir (o que tranqüiliza os ânimos do jogo, porem faz você perder uma possível briga ocorrida no jogo e que será o assunto de amanha na empresa).

Tudo certo. Acordei umas duas horas mais tarde, já não era mais um domingo de sol (mas ainda não era segunda, menos mal), meu time ganhou o campeonato (mas não o jogo), o show dos White Stripes também havia acabado e a torcicolo continua mais forte de que nunca... (Agora, nos resta somente tirar a camada de pomada que fora acumulada no pescoço...)





PS: Um pouco de Superguidis para apreciarem...
http://www.youtube.com/watch?v=cC_wKVSgvJo

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Nada de muito bom (computadores)

Voltam as aulas e voltam, também, as “correrias”. Infelizmente, não tenho tido sucesso na competência de manter o blog e a faculdade ao mesmo tempo. Escrevo este texto somente por dar um “tempo” aos estudos da faculdade.

Falando nisto, estou batalhando em uma cadeira de programação de computador na área da física. Nada muito difícil, porém longe de ser trivial. Classifico as pessoas e o auxilio de suas maquinas em 3: as que realmente sabem mexer em seu pc, programam, compram processadores e tudo mais; as que futricam em “fóruns” na internet para saber o que deve configurar em seu computador; e (as que me enquadro) aquelas que pagam para ter a devida assistência nesta caixa preta (fazendo com que gire a economia local, desenvolvendo sua cidade e tudo mais… Viu, como sou um cara bom?).

São muitos códigos, linguagem C e afins… Além do mais, ainda existe o tempo de adaptação ao Sr. Seu Linux, que não é muito fácil. Como sei que não sou o único neste dilema, faço minhas as palavras do sábio Bukowisk:

“A pior noite foi quando sentei no computador e ele ficou completamente maluco, mandando bombas, sons estranhos e altos, momentos de escuridão, treva mortal, tentei, tentei e não conseguir fazer nada. Daí, reparei no que parecia ser um liquido que tinha endurecido sobre a tela e ao redor da cobertura perto do “cérebro”, a abertura onde se colocam os disquetes. Um dos meus gatos tinha mijado no computador. O mecânico tinha saído e quando um vendedor retirou uma parte do “cérebro”um liquido amarelo espirrou sobre a sua camisa e ele gritou “mijo de gato!”. Coitado, coitado. De qualquer forma, deixei o computador. A garantia não cobria nenhum tipo de dano por mijo de gatos. Tiveram que tirar, praticamente, todas as entranhas do “cérebro”. Levaram oito dias para consertá-lo. Durante este período, voltei a minha maquina de escrever. Era como tentar quebrar pedra nas mãos. Tive que aprender a datilografar de novo. Tinha que ficar bêbado para conseguir que as palavras fluíssem. E, mais uma vez, era uma noite para escrever e outra para arrumar. Mas ainda bem que a máquina estava lá. Ficamos juntos por mais de cinco décadas e tivemos ótimos momentos. Quando peguei o computador de volta, foi com certa tristeza que recoloquei a velha maquina no seu canto. Mas voltei ao computador e as palavras voaram como pássaros enlouquecidos. E não houve mais nenhuma luz azul e as palavras que desapareciam. Estava ainda melhor. O gato ter mijado no computador arrumou tudo. Só que agora, quando saio do computador, cubro-o com uma grande toalha de praia e fecho a porta.

Sim, este tem sido meu ano mais produtivo. O vinho fica melhor se for envelhecido adequadamente.”

Novamente, peço-lhes desculpas pelas múltiplas demoras nas atualizações e postagem do tal blog, juntamente com as desculpas dos múltiplos erros de português já cometidos e que ainda irei cometer (desculpas também Srta. Luft, Sr. Aurélio Buarque e todas as pessoas de prestigio e amadores que valorizam e ordenam esta tão preciosa língua…).



(Texto citado retirado do livro "O capitão saiu para o almoço e os marujos tomaram conta do navio", de Charles Bukowisk)

domingo, 28 de março de 2010

"Os dois pedidos do saudoso Luis Fernando Veríssimo"

Aos meus amigos que leêm este blog, peço desculpas desde já pela falta de postagens. As aulas voltaram e ultimamente não tenho tido nenhuma experiencia diferente e "ironizável" para colocar aqui. Então, sugiro-lhes um dos meus autores preferidos neste ramo (e, para mim, o melhor) em um dos melhores (se não o melhor) livro dele. Este texto foi retirado do livro "O mundo é bárbaro (e o que nós temos a ver com isso)", do Luis Fernando Veríssimo, lançado em 2008. Grato e boa leitura a todos.


Meus dois pedidos

Agora posso contar. Fui eu que consegui a vitória do Internacional no Campeonato Mundial Interclubes, no Japão, em 2006.

Foi assim. Recebi uma oferta do Diabo pela minha alma. Veio por e-mail, de sorte que nem vi a sua cara. Ele procurava na internet pessoas dispostas a trocar sua alma pelo que quisessem. Respostas para 666belzebu.com. A pessoa empenhava sua alma ao Diabo, para entregar na saída, e em troca poderia pedir duas coisas. Mas só duas coisas.

Perguntei como eu poderia ter certeza que ele cumpriria a sua parte no trato. Depois da minha alma empenhada, contrato assinado com sangue etc., ele poderia simplesmente não atender aos meus pedidos. Ele propôs que fizéssemos um teste. Que eu pedisse alguma coisa impossível. Que o meu pedido fosse um delírio, algo totalmente fora da realidade. Se ele cumprisse o prometido, eu saberia que sua oferta era para valer. E só então lhe entregaria a minha alma. Concordei.

Qual seria o meu primeiro pedido? Pensei imediatamente no Internacional. Está certo, antes pensei na Luana Piovani, mas aí achei que poderia dar confusão. Em seguida pensei no Internacional. Um Campeonato do Mundo para o Internacional! Decisão contra o Barcelona. Sua resposta veio num e-mail conciso:

“Feito.”

E foi o que se viu. Vitória sobre o Barcelona contra todas as probabilidades. Inter campeão do mundo. O trato com o Diabo era, por assim dizer, quente. E eu podia fazer meu segundo pedido. Um bicampeonato do mundo para o Inter? Concluí que estava sendo egoísta demais. Estava pensando só na alegria dos colorados — e passageira, pois não poderia pedir vitórias do Internacional em todos os campeonatos, para sempre — e esquecendo o meu país. Deveria pedir, pela minha alma, algo que desse alegria a todos, inclusive gremistas. O quê? Quero que o Brasil se transforme num país escandinavo. Agora! Um país organizado, sem crime, sem fome, sem injustiça, sem conflitos, magnificamente chato. Era isso: minha alma por um país aborrecido!

Foi o que botei no meu e-mail para o Diabo. Ele respondeu perguntando se eu tinha pensado bem no que estava pedindo. Eu deveria saber que a adaptação seria difícil. A conversão da moeda, a língua, o frio, os hábitos diferentes… E que seria impossível preservar tudo o que nos faz simpáticos, e criativos, e divertidos — enfim, brasileiros no bom sentido — sem a bagunça e o mau caráter. Ou ser escandinavo só durante o expediente e brasileiro depois das seis. Era mesmo o que eu queria?

“É”, respondi. “Chega desta irresponsabilidade tropical, desta indecência social disfarçada de bonomia, desta irresolução criminosa que passa por afabilidade, deste eterno adiamento de tudo. Faça-nos escandinavos, já!” O Diabo: “Tem certeza? Já?”

Eu: “Bom… Depois do carnaval.”

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

São (somos?) os melhores e viva o RS!

Ao contrário do que se acredita, não existe bairrismo no Rio Grande do Sul. Os gaúchos não se acham os melhores, eles são os melhores (só uma questão de imparcialidade e esclarecimento a todos: sou uma paulista que mora e gosta das terras sulistas).

Ontem (NT: neste caso, o “ontem” foi escrito em um dia da semana passada) o dia amanheceu chuvoso, nublado e com uma temperatura agradável. Umas das coisas impressionantes do dia foi o fato da máxima temperatura registrada ter sido durante a madrugada, o que nos demonstra o quão termicamente insuportável foi a semana. Domingo e segunda-feira foram dias muito quentes. Terça-feira bateu um recorde de calor de não sei quantos anos (mas algo nada desprezível). Quarta-feira bateu o recorde estabelecido na terça-feira. E na quinta-feira, após ter batido e recorde de calor estabelecido na quarta-feira, choveu de tal forma que bateu recorde de chuvas de São Paulo (que, neste começo de janeiro, bateu recordes históricos). E no fim da semana, já voltara o calor. E o pior de tudo é saber que o “São Pedro” responsável pelas temperaturas do RS também tem seu “espírito separatista” e já prometeu um inverno para dar inveja aos argentinos (afinal, pior que paulista, só argentino).

Ainda analisando algumas coisas da superioridade gaúcha sabemos que, em alguns cursos, a UFRGS perde somente pela UFCSPA no Brasil todo. Ninguém acreditaria que o Grêmio venceria a “Batalha dos Aflitos” com um pênalti contra marcado aos 60 minutos do segundo tempo. Ninguém acreditaria que o Internacional venceria o São Paulo e o Barcelona (de 2006) em 2006. Ninguém vestiria um Papai Noel de azul e muito menos mudaria as cores da bandeira petista por questões futebolísticas.

Mas realmente, este estado (quando não chamado de Pátria) é muito confortável. Não me lembro as palavras citadas mas, certa vez, escutei um comentário do Paulo Santana (pessoa que, na minha opinião, é uma/a imagem do legitimo gaúcho), onde, falando sobre assuntos catastróficos do mundo na época, acabava afirmando que tudo piorará ao saber que o Internacional estava a 4 rodadas em primeiro lugar no Campeonato Brasileiro de 2009. Isto tudo sem comentar o respeito e o fanatismo pelo “hino da pátria”, cantada com clamor até nos estádios de futebol. (E viva o Rio Grande!)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

A "cultura" carnavalesca

Ah o carnaval! Nada como o carnaval para podermos desfazer todos os conceitos morais presentes em nossa sociedade, além de minimizar as leis sociais de boa convivência. Lembro que, ao escutar a musica “Perfeição” da banda Legião Urbana, sempre ficava triste quando citava que iríamos “comemorar como idiotas, a cada fevereiro e feriado”.Faço aniversário em fevereiro e ficava feliz, como toda criança, quando chegava meu aniversário, não entendendo a revolta do Renato Russo perante minha data comemorativa.

Assim já diria Raul Seixas: “depois do carnaval, a carne é alvo mortal, com multa de avançar sinal.” Porque a nossa “mediocricidade” tem seu ápice no carnaval? Parece que, os fatos realizados tão comumente no carnaval são totalmente esquecidos quando se chega na quaresma, mantendo assim uma “alma limpa” (só esperando o carnaval do ano seguinte, e assim sucessivamente). Nesta data, estamos todos propícios a qualquer banalidade e futilidade coma maior naturalidade possível.

Se um dia foi considerado “cultura nacional”, ela se manteve somente com as guitarras baianas e os blocos de ruas. De tudo isto, resta somente um pouco desta naturalidade e sensação de festa. Hoje em dia existem inúmeros grupos populares onde existe a batalha para não perder este real espírito carnavalesco. Aprendi a fazer festas em casa com amigos o ano todo, sem precisar esperar chegar fevereiro, muito menos sendo fútil ou vulgar.

Certa vez conversando com amigos, expressei minha insatisfação perante o carnaval. Disse que realmente (de uma forma muito racionalista, banal e generalizado) não me importava em participar de uma massa juvenil de uns trinta por cento da população nesta faixa etária que não gosta de carnaval e prefere pensar a ficar dançando músicas sem notas musicais, sem afinação e que repetem 458 vezes a mesma frase. Mesmo assim, acreditando ou não no “patrimônio cultural nacional”, prefiro ficar no carnaval (como fiz nos inúmeros fins-de-semana durante o ano) com meus amigos comemorando o aniversário do Seu Gaspar, a vida, as risadas e (desta vez) o meu aniversário também.

sábado, 23 de janeiro de 2010

"Como me fudi no show do Loser Manos" por Adolar Gangorra

Encontrei este texto em um blog. Assinado por Adolar Gangorra, faz uma visão bem irônica e sincera de umas das bandas brasileiras que eu mais gosto (se não a mais). Gostei muito do mesmo. Apesar de seu tamanho, vale muito apena conhecer tal texto e, mais ainda, tal banda.




"Voltei para o Brasil há pouco tempo. Saí do rio ainda adolescente para morar com minha família na Inglaterra. Agora estou de volta há uns três meses e estou começando a me enturmar na Universidade. Não sei de muita coisa do que está rolando por aqui, então estou querendo entrar em contato com gente nova e saber o que tá acontecendo no meu país e, principalmente, entrar em contato com umas garotas legais.

Mas foi meio por acaso que eu conheci uma menina maneiríssima chamada Tainá."Diferente esse nome, hein? Nunca tinha ouvido". Estava procurando desesperadamente um banheiro no campus quando vi uma porta que parecia ser a de um, mas na verdade era o C.A. da Antropologia. A garota já foi logo me perguntando se eu queria me registrar em algum movimento estudantil de não sei lá o que. "Que bacana! Que politizada ela era!" E continuou a me explicar a importância de eu me conscientizar enquanto enrolava um beque da grossura de uma garrafa térmica. Pensei em dizer que estava precisando desesperadamente dar uma cagada, mas ela era tão gata que eu falei que sim.

Tainá: cabelos pretos, baixinha e com uma estrutura rabial nota dez..."Aí, acho que ela me deu um certo mole..." Conversa vai, conversa vem, ela me chamou para um show de uma banda naquela noite que eu nunca tinha ouvido falar: Loser Manos. Nome engraçado esse! Estava fazendo uma força sobre-humana para manter a moréia dentro da caverna, mas realmente tava foda. Continuamos conversando e rindo. Ela riu até bastante, mas eu, na verdade, tava mesmo rilhando os dentes porque assim ficava mais fácil disfarçar as contrações faciais que eu estava tendo ao travar o brioco para não cagar ali mesmo na frente dela.

Pensando bem, eu tinha ouvido falar sim alguma coisa sobre essa banda lá na Europa ainda, mas não lembro bem o quê. Ah, acho que vi esses caras hoje no noticiário local dando uma entrevista. Achei que fosse uma banda de crentes tradicionalistas tipo Amish.Todos de barba, com umas roupas meio fudidas. Parecia até a Família Buscapé! Dão a impressão de ser uns sujeitos legais, mas o que me chamou a atenção mesmo foi o jeito da repórter, como se fosse a fã nº 1 deles, como se estivesse cobrindo a volta do Beatles ou coisa parecida. Não entendi esse jeito "vibrão" de trabalhar. Bom, mas se eu conseguir ficar com o bicho bom da Tainá hoje à noite, já tô no lucro! Marcamos de nos encontrar na entrada do ginásio. Rapaz, acho que tô dando sorte aqui no Brasil!

Ia ser fácil achar essa garota no meio da multidão. Ela se veste de uma maneira estilosa, diferente, bem individual: sandália de dedo, saia indiana, camiseta de alça, uma bolsa a tiracolo e o mais interessante: um óculos retangular, de armação escura e grossa, engraçado até! Depois de uns mil "Desculpe, achei que você fosse uma amiga minha.", finalmente encontrei Tainá e seu grupo de amigos. Cacete, isso sim é que é moda! Parecia uniforme de escola!

Ela me apresentou suas amigas, Janaína e Ana Clara e seus respectivos namorados, Francisco e Bento. Uma mistura de fazendeiros com intelectuais. Um cara de macacão, de sandália de pneu e com ar professoral. Outro de colete, tênis adidas, óculos e também com ar professoral. Pareciam ser legais, "do bem" como eles mesmo falam... Mas que não me deram muita conversa. "Do bem", isso mesmo! Gíria nova... Todos aqui são "do bem". E que nomes tão simples e idílicos: Janaína, Ana Clara, Francisco, Bento e Tainá. Nada de Rogérios ou Robertos. E eu que já tava me sentindo meio culpado por me chamar Washington. Realmente estava no meio de uma nova época da juventude universitária brasileira!

Comecei a conversar com a Tainá antes que a banda entrasse no palco. Aí... acho que tá rolando uma condição até! Quem sabe posso me dar bem hoje? Ela começou a falar de música:

- "De quem você é fã?" - perguntou.

- "Pô, eu me amarro no George..."

Ela imediatamente me interrompeu, dizendo alto:

- "Seu Jorge? Eu também amo o Seu Jorge!"

Puxa, que legal! Ela gosta tanto do George Harrison que se refere a ele com uma intimidade única! Chama ele de "Seu"! Seu Jorge! Isso é que é fã!

- "Legal você já conhecer ele, hein? Eu sabia que ele ia se dar bem na Europa! O Seu Jorge é um gênio!" - ela emendou.

Pô, eu morava na Inglaterra. Como eu não ia conhecer o George Harrison? Essa eu não entendi...

Depois ela perguntou quais bandas que eu gostava.

- "Eu curtia aquela banda da Bahia...

- "Ah, Os Novos Baianos, né?? Adoro também!"

- "Não, Camisa de Vênus! 'Silvia! Piranha!'" cantei rindo.

A cara que ela fez foi de quem tinha bebido um balde de suco de limão com sal. Senti que ela não gostou muito da piada. Tentei consertar:

-"Achava eles engraçados, mas era coisa de moleque mesmo, sabe?" Óbvio que não funcionou... Aí, acho que dei um fora.

Depois, Tainá foi me explicando que o tal Loser Manos é a melhor banda do Brasil, etc., etc., etc., e que eles "promovem um resgate da boa música brasileira".

- "Tipo Os Raimundos com o forró?" - perguntei.

-"Claro que não!" - disse ela meio exaltada! Ela me falou que não se pode comparar os Los Hermanos com nada porque "eles são únicos", apesar de hoje existirem excelentes artistas já reverenciados pela mídia do Rio de Janeiro como Pedro Luis e a Parede, Paulinho Moska, O Rappa, Ed Motta, Orquestra Imperial, Max de Castro, Simoninha e Farofa Carioca. Ela mencionou também "Marginalia" ou coisa parecida. Foi isso mesmo que eu ouvi? Achei que ela estivesse elogiando eles. Esses foram os nomes artísticos mais escrotos que já tinha ouvido, mas fiquei quieto. Fico feliz em saber sobre essa nova onda musical pois quando sai do Brasil o que fazia sucesso no Rio era Neuzinha Brizola e seu hit "Mintchura". "Ainda bem que tudo mudou, né?"

Só depois percebi que o nome da banda é em espanhol: Los Hermanos. Ah bom! Mas se eles são tão brasileiros assim porque não se chamam "Os Irmãos"? Quando saí daqui os nomes de muitas bandas costumavam ser em inglês e até em latim. Ainda bem que essa moda de nomes de bandas em espanhol não pegou no Brasil!

Pelo que me lembro, ao explicar qual é a dos "Hermanos", ela usou a expressão "do bem" umas 37 vezes e disse que eles falam de romantismo, lirismo, samba e circo. Legal, mas circo? Pô, circo é foda! Uma tradição solidificada nos tempos medievais que ganha dinheiro maltratando animais. Onde está a poesia de ver um urso acorrentado pelo pescoço tentando se equilibrar miseravelmente em cima de uma bola enquanto é puxado por um cara com um chicote na mão? Rá, rá, rá... Engraçado pra caralho! Na boa, circo é meio deprimente. Palhaço de circo só troca tapão na cara e espirra água nos olhos dos outros com flor de lapela e quando sai do picadeiro, vai chorar no camarim. Que merda! A única coisa legal no circo mesmo é quando ele pega fogo! Isso sim que é um espetáculo de verdade! Aquela correria toda... Senti que essa galera se amarra em circo. Não faz sentido se eles são tão politicamente corretos assim, né? E os pobres animais? E eu querendo não passar em branco na conversa com a Tainá, mas não conseguia lembrar de jeito nenhum a única coisa que eu sabia sobre a banda... "Cacete...! O que era mesmo?"

De repente, uma gritaria histérica! O show tava começando! O ginásio veio a baixo! Perguntei pra ela:

- "Eles são todo irmãos, né, tipo os Hanson?"

Ela disse um "não" esquisito, como se eu tivesse debochando. Todos eles usam uma barba no estilo Velho Testamento e se chamam "Los Hermanos"! O que ela queria que eu pensasse? Após ouvir a primeira música deu pra ver que os caras são profissionais mesmo, tocam muito bem e são completamente idolatrados pelo público, para dizer o mínimo.

Fiquei prestando atenção ao show. Pô, as músicas são boas! Dá pra ver uma influência de Weezer, Beatles e Chico Buarque. Esse aí é fodão, excelente compositor mesmo. Lá na Inglaterra conhecia uns caras que eram ligados ao movimento "Dark", como chamam por aqui. São os sujeitos que gostam de The Cure, Bauhaus, Sister of Mercy, etc. E tem a maior galera aqui no Brasil também que se veste de preto, não toma sol, curte um pessimismo niilista e se amarra nessas bandas. Mas se eles sacassem que o Chico Buarque é o genuíno artista "Dark" brasileiro... Pô, é só ouvir as músicas dele pra perceber: "Morreu na contra-mão atrapalhando o tráfego" ou "O tempo passou na janela é só Carolina não viu". "Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue" ou "Taca pedra na Geni, taca bosta na Geni, ela é boa pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni". Tudo alegrão, né? Se eu fosse dark, só ia ouvir Chico Buarque, brother!

Tentei reengatar a conversa dizendo que achava ao baixista o melhor músico dos Los Hermanos. Ela respondeu, meio irritada:

- "Mas ele não é da banda!"

Como eu ia saber? O cara tem barba também! Aí, não tô entendendo mais nada...

Adiante, ela me disse que o cara que ela mais gostava na banda era um tal de Almirante. Depois de alguns minutos deu pra ver que o camarada imita um pouco os trejeitos do Paul McCartney, só que em altíssima rotação. Ele fica se contorcendo feito um maluco enquanto os outros ficam estáticos. É engraçado até! Parece que ele tem uma micose num lugar difícil de coçar! E fica falando e rindo direto. Ele é o irmão gaiato do cara que canta a maioria das músicas, o tal de Marcelo Campelo, como anunciaram no noticiário local hoje. Isso mesmo, Marcelo e Almirante Campelo: "Os Irmãos"! Legal! Já tava me inteirando! Ah, e tem também dois gordinhos de barba que estão lá também, mas devem ser filhos de outro casamento.

Tava um calor desgraçado, coisa que eu realmente não estou mais acostumado. Fui rapidão ao bar pra beber alguma coisa. Comprei umas quatro latas de refrigerante que era o único troço que tava gelado para oferecer para meus novos amigos:

-"Aí, trouxe umas coca-colas pra vocês!"

Ouvi a seguinte resposta:

- "Coca-Cola? Isso é muito imperialista... Guaraná é que é brasileiro!"

Puxa, que pessoal politizado. Isso mesmo, viva o Brasil! "Yankees, go home..." rá, rá! Outro fora que eu dei! Mas, pensando bem, eles não usam o Windows e o Word pra fazer trabalhos da universidade? Ou usam o "Janelas"? Dessas coisas gringas não é tão mole de abrir mão, né? Mais é fácil não tomar Coca-Cola! Isso sim que é ativismo estudantil consciente! Posicionamentos políticos à parte, tava quente pra burro, então bebi tudo sob o olhar meio atravessado de todos eles... fazer o quê?

Lá pelas tantas, começou uma música e todo mundo berrou e pulou. Parecia o fim do mundo. Logo nos primeiros acordes, reconheci o som e falei pra Tainá:

- "Ah, eu sei o que é isso! É um cover do Weezer! Me amarro em Weezer!"

Ela olhou pra mim com uma cara indignada e disse:

- "Que Weezer o quê? O nome dessa música é "Cara Estranho".

Já vi que não gostou de novo. Mas quem sou eu pra dizer algum coisa aqui, né? Porra, mas que parece, parece! Mas o que era mesmo que eu não consigo lembrar de jeito nenhum sobre eles? Acho que conheço alguma outra música deles... Só não consigo dizer qual.

Sabia que se eu quisesse me dar bem logo com a Tainá teria que ser entre uma música e outra pois parecia que ela estava vendo um disco voador pousar enquanto os caras tocavam. Resolvi fazer uma piada pra descontrair, que sempre rola em shows. Quando o Campelo tava falando alguma coisa qualquer, berrei:

-"Filha da putaaaaaaaaaa!"

Pra quê? Tainá e sua milícia hermanista me deram uma cutucada monstra na costela que me fez enxergar em preto e branco uns 5 minutos. Pô, todo show alguém grita isso. É quase uma tradição até e é só uma piada. Aí, esse pessoal leva tudo muito a sério! Caralho... Pensei em pegar uma camisinha da minha carteira e fazer um balão e jogar pra cima, como rola em todo show, pra mostrar pra Tainá que eu sou uma cara consciente, tipo:

-"Aí, Tainazão, se tu se animar, eu tô preparado!" - mas depois dessa vi que senso de humor não é o forte dessa galera.

O tempo tava passando e nada de eu ficar com minha nova amiguinha. Quando fui tentar falar uma coisa no ouvido dela, foi o exato momento em que começou uma outra música. Foi aí que a louca deu um grito e um pulão tão altos que eu levei uma cabeçada violenta bem no meio do queixo. Ela não sentiu nada, óbvio, pois estava em transe hipnótico só por causa de uma canção sobre a beleza de ser palhaço ou lirismo do samba ou qualquer outra coisa do gênero. A porrada foi tão forte que eu mordi um pedaço da língua. Minha boca encheu d´água e sangue na hora. Enquanto eu lutava pra não desmaiar, instintivamente enfiei a manga da minha camisa na boca pra estancar o sangue e não cuspir tudo em cima de Ana Claudia e Janaína or something. Só que estava tão tonto com a cabeçada que tive que me segurar em uma ou outra pessoa pra não cair duro no chão. Foi quando ouvi:

- "Nossa, que horror! Lança-perfume! Esse playboy tá doidão de lança! Que decadência..."

Lança-perfume? Cara, lógico que não! E mesmo que tivesse, todo show tem isso! Mas nesse, não pode. É "do bem". É feio ter alguém cheirando loló!! Pô, todo show que eu fui na vida tinha alguém movido a clorofórmio. Aqui, não. Que merda...

Babei na minha camisa até o ponto dela ficar ensopada! Fui ao banheiro tentar me recuperar do cacete que tomei. Lavei o rosto e tirei a camisa. Quando voltava passei por uma galera e ouvi resmungarem alguma coisa do tipo:

- "...é esse mala aí sem camisa..."

Porque não se pode tirar a camisa num show? Isso aqui não é só uma apresentação de uma banda? Parecia que eu ainda estava na Europa! Regulões do caralho... E, afinal, o que significa "mala"?

Estava enxergando tudo embaçado e notei que minhas lentes de contato tinham saltado pra longe com a cabeça-aríete de Tainá e esmagadas por centenas de sandálias de dedo. Lembrei que sempre levo um par de lentes extras no bolso. É uma parada moderna que eu achei lá em Londres. Um estojo ultrafino com uma película de silicone transparente dentro que mantém as lentes umedecidas e prontas para uso. Abri o estojo e peguei cuidadosamente a película com as duas mãos e elevei-a contra a luz para conseguir achar as lentes. Estiquei os polegares e indicadores, encostando uns nos outros, para abrir a película entre esses dedos. Balançava o negócio levemente, de um lado para o outro, contra a pouca luz que vinha do palco para conseguir localizar as lentes. Não estava enxergando nada direito! Quando tava lá com as mãos pra cima, fazendo uma força absurda pra achar as lentes, um dos caras legais com nomes simples, me deu um puta safanão no ombro. É claro que o silicone voou longe também. Caralho, minhas lentes! Custaram uma fortuna! Que filho da puta!

- "Que sinal é esse que tu fazendo aí, meu irmão? Tá desrespeitando as meninas?"

- "Que sinal?? Que sinal??" - respondi, assustado!

- "De buceta, palhaço!" - apertando o meu braço que nem um aparelho de pressão desregulado.

- "Você tá no show do Los Hermanos, ouviu? Los Hermanos! Ninguém faz sinal de buceta em um show do Los Hermanos, sacou?" - gritou o tal hipponga na minha cara.

Que viado, eu não tava fazendo nada. Parecia uma freira de colégio. Que lance é essa de buceta? Da onde esse prego tirou isso? As meninas... (Perái! Menina? A mais nova aí tem uns 25!) ficaram me olhando com a cara mais escrota do mundo. A essa altura, já tinha percebido que não ia agarrar a Tainá nem que eu fosse o próprio Caetano Veloso. "Bento", que nome mais ridículo... Isso aqui é um show ou uma reunião de alguma seita messiânica escolhida para repovoar a Terra?

Caramba, que noite infernal! Tava com a língua sangrando, sem enxergar direito, só de calça, arrotando sem parar e puto da vida porque só tinha aceitado vir aqui por causa de mulher. Estava no meu limite. Isso era um show ou uma convenção do Santo Daime? Que patrulhamento! E, de repente, vejo Tainá e seus amigos olhando pra mim atravessado e cantando a seguinte frase:

-"Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?"

Aí foi demais! Eu me atrevo:

-"Ritmo, melodia e harmonia. Pronto, só isso! Mais nada! Olha só: foda-se o samba, foda-se o circo, foda-se a obsessão por barba da família Campelo e, principalmente, foda-se essa galera 'do bem' que está aqui!"

Apesar de tudo, a banda é realmente excelente. O que incomoda mesmo é esse público metido a politicamente correto e patrulhador e a imprensa que força a barra pra vender alguma imagem hipertrofiada do que rola de verdade. Esse climão de festival antigo de música popular brasileira, daqueles com imagens em preto e branco, com todo mundo participando, que volta e meia reprisam na tv, tudo lindo e maravilhoso. "Puxa vida, um novo movimento musical brasileiro!"? "Estamos realmente resgatando a nossa cultura!" Que exagero... "Ei, é só música pop! MÚSICA POP!

Caralho, finalmente lembrei! Eu conheço uma música deles. Ouvi em Londres. Numa última tentativa de salvar meu filme com Tainá, na hora do bis, berrei bem alto:

- "TOCA ANA JULIA!"

Só acordei no hospital. Tomei tanta porrada que vou ter que fazer uma plástica pra tirar as marcas de pneu da minha cara! Fui pisoteado! Neguinho ficou puto! Qual é o problema com essa música? Me lembro de estar sendo chutado pela elite dos estudantes universitários brasileiros e da própria Tainá, gritando e me dando um monte de bolsadas na cabeça! Que porra louca! Tentaram me linchar! Ofendi todo mundo! Pô, Ana Julia é uma música boa sim! É um pop bem feito! Se não fosse, o "Seu Jorge" Harrison não teria gravado, né? Se ele não entende de música, quem entende? Me disseram depois que o tal Campelo se retirou do palco chorando, magoado, e o outro irmão mais novo dele, o nervosinho que imita o Paul McCartney, pulou do palco pra me bicar também. Do bem? Do bem é o cacete...

Aí, sinceramente, ainda prefiro o show do Camisa de Vênus..."

domingo, 10 de janeiro de 2010

"Não se pode ter um dia 100%, se tiveres 51 já ganhou o dia..."

Existem dias em que a única coisa que se deve fazer é ficar mais umas 4 horas na cama descansando. O mundo toda na volta do seu quarto parece hostil e a sua namorada está a uns 120 Km de distância neste mundo não muito amigável.

Nada aparenta estar certo ou ser prazeroso. O chimarrão parece estar frio, o livro está em um capítulo muito extenso, se está sem saco ler o mesmo e seu estomago não está te obedecendo muito. Com a mania de ser uma pessoa “caseira”, que preza o almoço com a família, acostuma-se a perder alguns dias de sua vida, por causa de 3 horas de sono após noitadas de conversa com os amigos. Tudo isso é muito bom, pois desenvolve o intelecto próprio: a única coisa que conseguirá fazer no tal dia perdido será ler, escrever ou tocar bandolim (geralmente sempre voltando para o Dom Quixote).

Após isso, o quarto ainda aparenta estar normal. É muito ruim quando se fica mal do estomago e extremamente cansado, pois jamais acreditarão que só tomastes refrigerante na noite passada. Não são todos os dias que o ser (isso não serve para alguns amigos meus) acorda com o ânimo de beber, e quando acontece de ficarmos na “ressaca” de refrigerante, parece que poderíamos ter aproveitado este momento para realmente confraternizar e fazer inúmeros brindes a pessoas que jamais lembraria que estaríamos a brindá-la (aniversários de pessoas imaginárias, brindes a acontecimentos acorrido no século XX e coisas do tipo).

Qualquer música que toque no rádio é chata, porém tem uma letra indiscutivelmente escrita para você (com exceção a Pata de Elefante). Sim, o mundo ainda parece ser muito hostil, todavia, com o tempo se torna novamente muito amigável e perfeito. Vivendo um pouco dos ensinamentos do Sr. Bukowisk, a minha meta para ganhar o dia de hoje será somente os 51%, que os 100 eu não consigo mais.

Leituras e os famosos "best-sellers"

Apesar de gostar muito de livros, tenho certo receio em discutir sobre tal assunto com amigos. São alguns os motivos básicos: não sou o melhor nem o maior leitor do mundo (só leio livros regularmente, mas não consigo “devorá-los”), não conheço e nem leio os grandes nomes da literatura (tanto nacional como internacional) e não consigo disfarçar o preconceito que tenho a certos títulos e autores.

No quesito de melhor e maior leitor do mundo, peco no fato de não conseguir devorar livros. O único livro que li em um dia foi “Alice no país do espelho” (e, por sinal, acabei o dia levemente drogado com tanta “psicodelia” existente no mesmo, contudo, recomendável e prazerosa leitura) e, após este, só conseguir ser eficaz com uma edição “pocket” do Sr. Bukowisk, levevando três dias (e acabei de mal com o mundo e bêbado). Ainda assim, ambas as leituras altamente recomendáveis.

Após isso, meu grande erro (ou talvez não) se apresenta pelo fato de não conhecer nem ler grandes nomes da literatura e do conhecimento nacional e mundial. Nunca li Érico Veríssimo, não conheço a obra de Nietzsche e nunca me surpreendi perante folhas de Sherlock Holmes (apesar de ter tentado, frustrantemente, ler Stephen Hawking e também não entender). A minha vida literária se afunila perante a satirização de tudo e todos do Sr. Veríssimo (o filho), o brilhantismo do seu Richard Dawkins, a apreciação literária do tio Eco (o Umberto) e as viagens do primo Ítalo Calvino. Estou em fase de degustação de Cervantes (que, durará, mais uns meses) e metas de chegar a Dante Alighieri (que, por questões de real importância, foi classificado como “o ápice da inteligência humana” pelo primo Calvino).

E, dos meus motivos de muitos tratamentos com psicólogas de janelas de conversa de “MSN” e afins, existe o meu sério preconceito com “best-sellers” de vitrines das livrarias. Aquele tipo de livro que se encontrará em qualquer livraria, supermercado ou até mesmo em uma banca de revista. Nada de mais, o importante mesmo é a leitura (afinal: “ler também é um exercício”), mas seria de tão bom proveito se aprendêssemos algo com tal ação. Existem escritores muito bons para tal distração, todavia, não conseguem te passar o mínimo de conhecimento. Tenho esta concepção perante livros: me distrair (já que meu celular não toca música) e aprender algo com os mesmo (aquelas coisas de conseguir aumentar o “intelectualismo”).

Perante todas estas redundâncias, observamos que existem coisas boas sim no mundo dos “Best-sellers”. Consegui ouvir de gurias (que jamais acharia que escutaria) que precisavam ir a livraria comprar o novo livro da série “Crepúsculo” (ao menos é um livro...), voltei a ganhar livros no meu aniversário (e li todos, apesar de “best-sellers”) e ficou mais acessível a população ( vendo que até a Bruna Surfistinha já escreveu um livro... Ouvi dizer que será convidada para ocupar a cadeira na Academia Brasileira de Letras, ao lado do “ilustríssimo” Sr. Paulo Coelho).

sábado, 2 de janeiro de 2010

Algumas voltas ao tempo

É sempre bom voltar no tempo e lembrarmo-nos do passado, dos aprendizados e das metas que possuíamos antigamente. Muitas vezes nem precisamos lembrar, ele vem à tona e se apresenta diante de nós.

Considero-me um cara (amorosamente) árcade. O pouco que aprendi sobre literatura brasileira me remete as classes literárias, de todo seu significado e o quanto conseguia me identificar com as mesmas. Aquelas coisas de se identificar com uma “ninfa” e idealizá-la (até que alguém provasse o contrário). Na minha classe literária, identifico as mulheres com a música ou escuto (ou escutaria) na sua fase. Há um tempo atrás escutava uma banda curitibana, não tão nova assim, e me imaginava vivendo a cena presenciada em um trecho de uma música dos mesmos (para caso de curiosidade ou pesquisa, se chama “Nunca mais” e foi gravada pela banda “Relespública”), cuja narrava a ida a um cinema e “apreciação” de um longa-metragem, concluindo que as histórias são sempre as mesmas, virando comédia quando narradas. Depois de um certo tempo, já com muito mais músicas na mochila, passo por uma situação em que me vejo diante de tal vivencia. É interessante sabermos que realmente as histórias são sempre as mesmas e tudo é muito satírico e ironizado quando analisado por pessoas telespectadoras. Podemos afirmar que boa parte dos filmes de ação, ultimamente, se baseia em uma nação de seres (povos ou animais) que vivem em um lugar (pais, mundo ou região) que concentra algo de muito interesse (fonte de renda) dos homens (que só querem dinheiro na história e tem, como chefe, uma pessoa sem um bom coração). Com esta base, criatividade e um bom investimento, podemos refazer alguns bons filmes “hollywoodianos”.

Muitas vezes observamos que a vida regride e voltamos a fazer o que faríamos antigamente. Na universidade, por exemplo, podemos comparar ao que acontecia em uma creche (ou aconteceria se tivesse frequentado uma creche quando pequeno): passamos o dia todo no campus, almoçamos, conhecemos amigos, levamos lanche da tarde e escova de dente, festejamos nosso aniversário, essas coisas... Voltamos a regredir de certa forma.

Questões de moda são indiscutíveis. Não acompanho tendências (ao menos, não me esforço para acompanhar), mas quase sempre que se irá comprar algo novo, temos que aturar o vendedor afirmando que tal produto está na moda. Uso “All-Star” a um bom tempo, gosto de roupas xadrez a um bom tempo, quero ter um “WayFarer” a um bom tempo e não me importo se estas coisas são moda. Depois de uns oito anos, voltarei a usar óculos com armações grossas (que, por sinal, encontrei uma foto minha, brincando de “skate de dedo” com o tal óculos na época que estes brinquedos eram moda) e, quando o escolhi na ótica e disse que era aquele mesmo, tive que escutar do gerente que estava na moda tal armação. Continuo apaixonado pelos modelos “retro’s” das marcas, mas acontece: escolhe-se a ótica, a armação, mas ainda não o gerente.

Ainda não recebi nenhuma resposta das cartas que mandei aos meus amigos (e até já desisti: comecei a usar efetivamente os emails), mas ainda escrevo e-mails com assinaturas e de uma maneira formal. Ainda penso com uma certa hostilidade perante as maquinas fotográficas digitais. As pessoas, no contexto geral, não se juntam para tirar fotos, não se obtendo um respeito à mesma e nem se relembrando do acontecido umas três semanas após (quando buscávamos o filme relevado no fotografo). Contudo, devemos dar o braço a torcer, afinal, ficou mais fácil de armazená-las.